Eva Santoro
Terra é uma performance ritual sobre a ancestralidade feminina e as violências estruturais vivenciadas cotidianamente nos sistemas institucionais e na vida pessoal da história familiar da artista. O simbolismo da árvore seca remete a árvore genealógica, o feminino que sofreu com a violência de gênero, histórias que foram vivenciadas por várias mulheres e que estão em nossas estruturas e memorias celulares... como vivenciar estas histórias transformadas em adubo para nossa arte, para a vida e a atuação no mundo hoje. Transformar as dores em luta fértil para criações artísticas curando através da dança e da arte.
Terra foi realizada na Praça da cidade de Alto Paraíso, a artista vestida de vermelho e com maquiagem de urucum carrega uma árvore de mamona seca, momento que evoca uma procissão, ela improvisa através da percepção corporal e a relação com a árvore, o peso de sua corpa, o peso da árvore, caminhando juntas, equilibrando-se, coloca-a nas costas, gira e quebra os galhos. Recolhendo os galhos a artista carrega-os, em uma sexta-feira a noite da Avenida Principal da pequena cidade do interior do Goiás, percorre as ruas embalada pelos sons ambientes das pessoas, carros e músicas dos bares. O tambor do percussionista acompanha a performance, até o espaço da Galeria de Arte SomaSoma, onde a artista constrõe um espaço circular com os galhos ao seu redor. Dentro do círculo construído de galho, a dança é afetada pelo som da voz da Pajé Hushahu Yawanawá, a declamação da poesia da música Grande Poder de Mestre Verdilinho e a conclusão do ritual.
Ficha Técnica:
Interprete criadora: Eva Maria Maria
Percussão: Marize Barbosa e Tiago Ianuck
Harpa: Marina Mello
Canto Yawanawa: Pajé Hushahu Yawanawa
Poesia: Grande Poder de Mestre Verdilinho
Galeria SomaSoma
Produção e Curadoria: Eduardo Petroni e Júlia Prado
Câmera: Júlia Zakarewicz
TERRA Mãe, 2020. Alto Paraíso de Goiás, Goiás, Brasil. Bioma Cerrado
Para minha mãe
Para minha avó
Para todas as que vieram antes de mim...
Para minha filha
Para minha neta
Para todas as que virão
Cuidamos da TERRA...
Vivemos conectadas com os ciclos essenciais
Nutridas pelo adubo fértil de nossas ancestrais
Respiramos a dança da vida e da morte